Acreditem ou não, houve mesmo um tempo em que o chamado Rock progressivo foi escutado. Com atenção. 
Sem ou com muito poucas caixas de ritmos. Sem, a meu ver, o artificialismo presente nalguma (ou quase toda) pop e acima de tudo sem a indigência musical de muitos dos géneros musicais que surgiram para o "combater" e os que entretanto foram crescendo como cogumelos venenosos ano após ano. Um tempo em que a musica insistia em soar, por vezes pomposa e até arrogante mas genuína, virtuosa e quase sempre bela. Com contratempos. Com compassos complexos. Altamente criativa. A estender a mão aos clássicos. Progressiva. 

Em minha opinião esse tempo acabou lá pelo final da 1ª metade da década de 70 do século passado. 

Foi por isso que sem espanto em 1984 (quando o mundo dançava ao som de “Dancing In The Sheets “ da banda sonora de “Footlose” ou do incontornável “Wake me Up Before you Go Go” dos Wham) tropecei em “Long Goodbyes” dos Camel um tema já muito pouco "progressivo" de uma banda até então progressiva até à medula. 
E soava a despedida. Tardia. 

Hoje, 36 anos depois, voltei a "tropeçar" nela. E fiquei cativado. 
Pela simplicidade e honestidade brutal com que uma banda virtuosa tratou um tema tão banal? Talvez. 
Porque me devolvem as memórias do início dessa "orfandade" musical em que muitos de nós mergulhámos na altura? Talvez. 
Admito que a musica em questão está muito longe do melhor dos Camel mas para mim aquele refrão tornou-se no hino que hoje, de certa maneira, simboliza o fim daquela Era. Um certo adeus. 

E caramba, como me entristecem as despedidas. Principalmente as longas. 

Long Goodbyes: https://bit.ly/2Tprdyo